Da Rússia com Gargalhadas...

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Na semana passada um candidato presidencial dos EUA recebeu uma lição de Negócios Estrangeiros de Dmitry Medvedev, o Presidente Russo (em fim de mandato).

Os presidentes Obama e Medvedev foram “apanhados em flagrante” por microfones a ter um tête-a-tête interessante: o Presidente Obama teria mais flexibilidade após a sua eleição e, o Presidente Medvedev compreendeu e iria transmitir a mensagem ao Sr Putin.
Os analistas políticos e os políticos de direita (especialmente nos EUA) reagiram de imediato (ao invés de pensarem e analisarem primeiro). O Mitt Romney, ao reagir, chegou mesmo a dizer que “O presidente mencionou a defesa anti-míssil ao Medvedev como sendo uma área onde o Kremlin deveria contar com mais flexibilidade. Isto é alarmante.” e “Se ele (...) sugere à Rússia que ele tem coisas que estará disposto a fazer com ela, que não está disposto a partilhar com o povo Americano – diz isto à Rússia, que sem dúvida nenhuma é o nosso inimigo geopolítico número um”

O Partido Republicano poderia ter arranjado melhores candidatos do que aqueles que está a oferecer; já que todos eles representam a Velha América que o mundo não respeita e com quem não está disposta a trabalhar de bom grado (o que poderia espoletar os países a ignorar os EUA e seguir o exemplo de outras nações inventando blocos económicos e políticos entre si). Quer se goste ou não o Presidente Obama aumentou a fasquia diplomática: o mundo gosta dele e está mais que disposto a trabalhar com ele (exactamente porque ele representa a Nova América; a América do século XXI que o globo inteiro respeita [mesmo o seus inimigos] e está disposto a seguir).

O Mitt Romney cometeu dois erros crassos:
1. Ele mostrou que não só não lê a conjunctura diplomática e de segurança, como também não sabe fazer as correlações apropriadas. O Presidente Bush assinou acordos para colocar interceptores de mísseis na Polónia e na República Checa (para preencher a falha na sua defesa anti-míssil que servisse de escudo contra uma potencial ameaça contra os interesses dos EUA na Europa) quando havia sinais de que o Irão estivesse a desenvolver mísseis de longo alcance. Contudo, quando o Presidente Obama foi empossado, os Serviços de Informação dos EUA chegaram à conclusão que o Irão estava mais concentrado em desenvolver mísseis de curto alcance (tornando o projecto Europeu desnecessário por ora). A Rússia sentiu-se ameaçada pelo plano do Presidente Bush (já que partiu do princípio de que os EUA iriam utilizar os radares para a espiar); e a Rússia sentiu-se mais relaxada quando o Presidente Obama reverteu o processo. Existe um contexto complexo no qual se insere o tête-a-tête dos dois presidentes na Coreia do Sul; e o candidato Mitt Romney, ao querer capitalisar politicamente com o diálogo, fez figura de tolo.

2. Ele provou que definitivamente representa a América Anciã, ao revelar que a sua mente ainda vive no período da guerra fria (presentemente, a Rússia não é mesmo o inimigo geopolítico número Um da América). Para além disso ele colocou todo o mundo en garde (i.e. preparem-se, as boas relações com a América estão prestes a acabar). O Mitt Romney não compreende que o mundo está a mudar e que a velha retórica Americana não intimida mais pessoa alguma e, se (Deus nos livre) ele ganhar as eleições essa mesmo retórica não o ajudará a atingir o seu objectivo “Este século tem de ser um século Americano”.

Portanto, qual foi o resultado da reacção tonta de Mitt Romney? Ele (e o Partido Republicano, por associação) foi ridicularizado:
“Recomendo a todos os candidatos presidenciais dos EUA…que façam pelo menos duas coisas: que usem a cabeça e consultem a razão quando formularem as suas posições, e que eles verifiquem a época em que vivemos – estamos agora em 2012, não na década de 1970 (Dmitry Medvedev, Março de 2012)

Sim, o Sr Romney representa, sem dúvida alguma, a Velha América; aquela que ninguém gosta ou respeita.
Deus nos valha se alguma vez este candidato se tornar o próximo Comandante-em-chefe dos Estados Unidos da América.

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