Maxiavelli: O Escândalo do Programa de Vigilância & Traição

Sátira do Suícídio Romântico - Leonardo Alenza Y Nieto
No princípio deste mês, ouvimos falar do escândalo Snowden: um contratante técnico ao serviço da NSA que decidiu trair o seu país ao delatar informação secreta à imprensa.
Muitos consideraram-no um herói e muitos outros consideraram-no um traidor.

Snowden praticamente afirmou que estava disposto a trair a sua nação porque ele "não pode, em boa consciência, permitir que o governo dos EUA destruam a privacidade, a liberdade da internet e as liberdades básicas das pessoas à volta do mundo com esta máquina de vigilância massiva que eles estão a construir secretamente." (N.B: o programa PRISM está a operar desde 2007).
O governo americano (ou um outro governo) não precisa de destruir a privacidade das pessoas porque a maioria está mais que disposta a fazê-lo, por vontade própria, quando partilham detalhes da sua vida privada nas redes sociais: fotos de si, dos seus filhos, dos seus familiares e amigos; fotos das suas casas, carros, bairros, férias; quando dão ao mundo a sua localização; quando partilham o seu local de compras, o seu spa favorito; todas as discussões familiares, as suas depressões etc etc. Por acaso conhecem a maioria das pessoas de quem se tornam "amigas" online?
A liberdade na internet não está sob ameaça: as pessoas ainda são livres de arruinarem a sua privacidade; as pessoas ainda são livres de não usarem qualquer serviço online; são livres de utilizarem anonymizers; continuam livres de dar informações não tão veras quando abrem uma conta online. As pessoas são livres de estar na Rede e podem passar sem serem detectadas...desde que não cometam crimes.
Quanto às "liberdade básicas" (e.g. liberdade de pensamento, liberdade de consciência, liberdades políticas e de associação), não vejo como é que a vigilância de padrões de comunicação - que é basicamente o que o programa de vigilância PRISM faz - irá violar as descritas liberdades básicas. Quando os indivíduos falam de liberdades, devem recordar que esse específico direito acarreta responsabilidades, querendo isto dizer que não devem usar a sua liberdade para violar os direitos básicos (à vida, liberdade e segurança) dos outros.

Edward Snowden decidiu ignorar que o estado de direito prevalece nos EUA - e noutros países ocidentais. Convenceu-se de que as suas "liberdades básicas" lhe concediam o direito de colocar em perigo a vida de milhares de agentes americanos e estrangeiros (de nações aliadas) mais os seus contactos, controleiros, casas de segurança, pontos de encontro e de extracção etc. Ele pôs em perigo a vida daqueles que nos mantêm seguros e livres - realmente é um grande herói...

Há detalhes interessantes que merecem um breve comentário:
1. Como já foi apontado por vários, o jovem não utilizou os canais apropriados para delatar esta informação: optou por ir directo à imprensa (com inclinações esquerdistas). Interessante.
2. Disse ao seu supervisor que "precisava de se ausentar do seu posto por 'duas semanas' para fazer um tratamento à sua epilepsia" - antes de fazer as malas e fugir para a Ásia.
3. Alegadamente iludiu (ainda que ele tenha dito que fora "vago" com) a sua namorada sabendo que não voltaria mais. A sua explicação foi que aquilo"(..) não é uma ocorrência fora do comum para alguém que passou a última década a trabalhar para os serviços de inteligência" - parece-me que o elemento seja um iludido wannabe agente de campo.
4. Apesar de se ir ausentar por "poucas semanas", ele removeu todo o conteúdo da sua (nada pequena) casa do Hawaii - por isso, como é que ele pode ter dito à namorada (com quem alegadamente vivia) que iria partir somente por algumas semanas? Um dos dois está a faltar à verdade...
5. A sua viagem para Hong Kong - território Chinês. Ele tinha que saber que assim que delatasse a informação aos jornais, iria ser abordado pelos serviços de informação chineses. O que irá este delator fazer? Dar informação secreta a um governo estrangeiro sob coacção?
A não ser que uma extracção, em Hong Kong, fizesse parte dos planos...

Edward Snowden é um traidor. O PRISM, um programa legal, não irá deixar de operar por causa deste escândalo; e com toda a razão.
O governo está a verificar padrões nas nossas comunicações (não o seu conteúdo) e, nada temos a temer se não participamos em actividades terroristas; se não damos assistência e não servimos de suporte ao terrorismo e, se não nos associamos a terroristas.

Prossigam com a vossa vida...

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